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Foto do escritorMaria Eduarda Noronha

Angústia: o afeto que não engana

Angústia é algo que está inscrito na condição humana. Ela surge como um sinal claro de que algo, em nosso mundo interno, está pedindo para ser escutado. Na perspectiva psicanalítica, a angústia não é um simples desconforto, mas um afeto que denuncia a presença de algo significativo: um conflito interno, uma ausência ou um desejo não reconhecido. Ela se manifesta quando enfrentamos o que está fora do controle, quando o conhecido dá lugar ao vazio ou quando somos colocados diante de algo que escapa à lógica consciente.


Esse afeto, embora difícil de suportar, é profundamente revelador. A angústia não engana porque ela não se adapta às convenções sociais nem às justificativas que criamos para nós mesmos. Ela aponta para questões fundamentais que, muitas vezes, evitamos: o que realmente desejamos, quem somos e o que nos move.


Na psicoterapia, a angústia não é vista como um problema a ser eliminado, mas como um guia que pode nos levar a um entendimento mais profundo de nós mesmos. O processo terapêutico oferece um espaço de acolhimento e escuta, permitindo que esse afeto seja explorado e compreendido. É por meio dessa escuta cuidadosa que podemos desvendar os significados ocultos da angústia e, assim, transformar aquilo que parecia intransponível.


Portanto, em vez de fugir da angústia, é possível usá-la como um ponto de partida para nos voltarmos ao nosso mundo subjetivo. Ela nos desafia a olhar para dentro, a enfrentar o que está em desequilíbrio e a abrir caminho para mudanças que podem trazer mais autenticidade e leveza à nossa vida. Afinal, a angústia, embora desconfortável, é também uma oportunidade para compreender e alinhar a relação consigo mesmo.


A psicoterapia pode ser um importante trabalho pessoal aos que se encontram perdidos em meio aos impasses da vida ou enxergam na angústia um convite a movimentações e mudanças.





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